Alta recente chama atenção, mas ações acumulam queda de mais de 90% em 2024
A Americanas (AMER3) viveu uma semana de forte alta, com valorização superior a 200% em apenas cinco pregões. Essa movimentação chamou a atenção de investidores, especialmente em meio ao delicado processo de recuperação judicial da companhia. Apesar do otimismo momentâneo, a realidade ainda é dura: as ações acumulam queda de 95,91% em 2024 e estão longe dos R$ 1,2 mil registrados antes do escândalo contábil de R$ 43 bilhões.
Por que as ações da Americanas subiram tanto?
O gatilho para o recente movimento foi a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2024, no dia 13 de novembro. A empresa reportou:
Receita líquida: R$ 3,1 bilhões (+0,6% em relação ao ano anterior).
Lucro bruto: R$ 1,03 bilhão (+9,2%).
EBITDA ajustado: R$ 497 milhões.
Lucro líquido: R$ 10 bilhões, graças a fatores excepcionais.
O resultado positivo no lucro líquido decorreu de um conjunto de ajustes contábeis e renegociações de dívidas, como:
Aumento de capital: R$ 24,5 bilhões com emissão de novas ações.
Estorno contábil: R$ 4 bilhões.
Redução de dívida: R$ 11,8 bilhões revertidos ao patrimônio líquido.
Essas medidas levaram o patrimônio líquido da Americanas de -R$ 30 bilhões para R$ 6 bilhões no trimestre, destacando o avanço no cumprimento dos acordos com credores e na redução da dívida bruta de R$ 45 bilhões para R$ 2 bilhões.
Recuperação ou especulação?
Apesar do avanço operacional e contábil, analistas permanecem céticos. As altas recentes podem ser atribuídas ao aumento de compras por investidores de varejo ou movimentos especulativos. Dados mostram uma alta nas ações alugadas da empresa, indicando apostas na queda futura.
Além disso, o cenário macroeconômico desfavorável, com juros altos impactando o consumo, dificulta uma recuperação sustentável no varejo. Segundo especialistas, a Americanas ainda está na fase inicial de "estancar a crise", e precisará mostrar uma geração de caixa consistente para reconquistar a confiança do mercado.
Investidores institucionais ainda estão fora
Gestoras e bancos de investimento continuam cautelosos. Um sócio de uma gestora paulista explicou que o desempenho positivo do trimestre reflete medidas esperadas e não necessariamente uma melhora estrutural. “O ativo ainda é visto como especulativo, e a volatilidade deve continuar alta no curto prazo”, afirmou.
Atenção para quem busca ganhos rápidos
Ações de empresas em recuperação judicial, como a Americanas, costumam apresentar alta volatilidade devido ao preço baixo e à liquidez limitada. Movimentos abruptos de alta, como os recentes, não garantem uma recuperação sustentável.
Enquanto a Americanas demonstra avanços importantes, o caminho para uma recuperação completa ainda é longo. O mercado segue atento às próximas etapas do plano de recuperação judicial e à capacidade da companhia de manter ganhos consistentes em um cenário econômico desafiador.
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