Relatório da Polícia Federal detalha conversa entre general da reserva Mario Fernandes e ex-assessor de Bolsonaro sobre possível troca no comando do Ministério da Defesa.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria recusado a sugestão do general da reserva Mario Fernandes para trocar o ministro da Defesa em novembro de 2022, segundo relatório da Polícia Federal (PF). Fernandes, que foi preso na última terça-feira (19) durante a Operação Contragolpe, relatou a Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, a conversa que teve com o então presidente.
De acordo com a PF, a transcrição dessa troca faz parte de uma investigação que revelou um suposto plano de golpe, incluindo ações para eliminar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Entenda a conversa entre Mario Fernandes e Bolsonaro
Na troca de mensagens com Marcelo Câmara, Fernandes sugeriu que o general Walter Braga Netto reassumisse o comando do Ministério da Defesa. Braga Netto, que havia sido companheiro de chapa de Bolsonaro na eleição presidencial, chefiou a pasta entre março de 2021 e abril de 2022 e também foi ministro-chefe da Casa Civil.
No diálogo, Fernandes diz que apresentou a ideia a Bolsonaro, mas o ex-presidente teria rejeitado a sugestão:
Mario Fernandes: “Porra, cara, sugeri ao presidente pensar em mudar de novo o MD [ministro da Defesa], porra. Bota de novo o General Braga Netto lá. (...) Falei com o presidente. [Ele disse:] ‘Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe’.”
Qual seria o papel de Braga Netto em um possível golpe de Estado?
O relatório da PF aponta que a organização criminosa investigada planejava criar um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise", liderado por Braga Netto e pelo general Augusto Heleno. Esse gabinete teria como objetivo “estabelecer diretrizes para gerenciamento da crise institucional” após um golpe de Estado.
Conforme o documento, o grupo seria composto majoritariamente por militares, com participação de civis como Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência. A PF ainda encontrou evidências de que a minuta prevendo a criação desse gabinete foi impressa no Palácio do Planalto em dezembro de 2022.
A investigação da PF continua desdobrando detalhes sobre os planos de golpe e o envolvimento de figuras próximas ao governo Bolsonaro. A prisão de Mario Fernandes e as novas revelações adicionam mais camadas ao caso, que segue em análise pelo Judiciário.
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